– Como estava o setor no Maranhão antes da pandemia? Expansão, crescimento, estimativa…
Resposta: A Construção Civil, em todo o País, vivenciou, de 2014 a 2018, uma forte retração em suas atividades. Neste período, o PIB setorial em todo o País registrou queda em quase 30%. Isso foi resultado das dificuldades econômicas do País, da alta taxa de juros, da instabilidade política, etc. Entretanto, em 2019, o setor voltou a registrar crescimento acima da economia nacional. Assim, enquanto o PIB Brasil cresceu 1,1% a Construção Civil apresentou alta de 1,6%. No início do ano a estimativa era que o setor registraria incremento de cerca de 3% em seu PIB. Alimentavam a esperança de um ano melhor a volta do emprego com carteira assinada, a inflação sob controle, a redução da taxa de juros e o crescimento, mesmo que lento, da economia.
– Qual o impacto da pandemia na construção civil?
Resposta: A pandemia provocada pela COVID-19 gerou impacto na economia mundial. É bom esclarecer que as expectativas realizadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) projetam queda de quase 5% para a economia global. O Brasil, naturalmente, também sofrerá. Estamos passando por uma crise sem precedentes e isso é muito sério. A Construção Civil está lutando para manter as suas atividades em funcionamento para continuar gerando emprego e renda na economia. Apesar das dificuldades temos assistido nos últimos dias uma série de medidas que podem contribuir não só com a Construção, mas com o País como um todo, tanto do ponto de vista social como econômico. Por exemplo, a aprovação do novo marco do saneamento básico, o anúncio de medidas de estímulo ao crédito imobiliário divulgadas hoje pela Caixa são algumas delas. Medidas importantes que reforçam a nossa expectativa de que a Construção será a mola mestra para a retomada das atividades econômicas do País. É bom ressaltar que a Construção Civil contribui duplamente com o País: no aspecto social e no aspecto econômico. Mas naturalmente estamos sentindo o impacto das medidas de isolamento social.
– Você tem dados em números desse impacto na economia?
Resposta: Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgados pelo Ministério da Economia, demonstram que de janeiro a maio deste ano a Construção Civil, no Maranhão, admitiu um total de 7.914 trabalhadores com carteira assinada. Neste mesmo período, o número de demitidos foi de 11.192. Ou seja, em cinco meses registramos um saldo negativo de 3.278 vagas.
Houve ou está havendo crise?
Resposta: É importante ressaltar que apesar da crise atual na economia observamos resultados positivos. Por exemplo, em maio, o número de admissões na Construção Civil no Maranhão, de acordo com o Caged, cresceu 92,37% em relação ao mês anterior. Isso significa que enquanto em abril o setor admitiu, em todo o estado, 839 trabalhadores formais, em maio esse número foi de 1.614. Por outro lado, assistimos a uma redução nas demissões. Em abril o número de demitidos no setor foi de 2.471 e, em maio, 1.806, ou seja, redução de 26,91%. Portanto, isso pode significar que estamos começando a fortalecer as atividades. Não significa que não estamos vivenciando dificuldades. Mas significa que estamos lutando para manter nossas atividades.
Durante o período mais intenso de isolamento o setor encontrou alternativa para continuar as atividades? Como se deu?
Resposta: Sim. As atividades foram mantidas através da adoção de medidas e adequações de prevenção à doença provocada pela COVID-19 e cuidados com a saúde do trabalhador, em primeiro lugar. As empresas tomaram, com o apoio do Sinduscon-Maranhão, diversas medidas de adequação das suas atividades.
No Maranhão já começou a retomada das atividades, como está sendo?
Resposta: Ficamos parados por 15 dias, que foi o período de lockdown. Após esse momento, retomamos as atividades, sempre em observância às regras sanitárias. É um momento novo para todos nós. As empresas estão aprofundando suas ações de segurança e saúde do trabalhador nos canteiros para conter o avanço do novo coronavírus e, acima de tudo, proteger a vida.
Quanto ao emprego no setor antes da pandemia, e agora?
Resposta: Essa pergunta já foi respondida anteriormente, mas ressaltamos que a Construção Civil, em abril, gerou um saldo negativo de vagas bem inferior aos demais meses do ano. Em abril o saldo (diferença entre admitidos e desligados foi de 1.632 vagas) e, em maio, foi de 192 vagas, o que pode ser considerado o melhor resultado do ano.
Como o senhor diria que a geração de emprego e renda no setor se portará daqui para frente? Dá pra ter uma projeção?
Resposta: O mundo vivencia um período muito sério de incertezas. Ainda não se tem um remédio eficaz e nem uma vacina de combate a COVID-19. Assim, as previsões acabam carregando uma dose adicional de incerteza. Tudo dependerá do momento em que a doença será controlada e que o mundo poderá voltar a caminhar. O certo é que acreditamos que a Construção, pela sua força econômica e social, mais uma vez ajudará o País a encontrar a rota do crescimento. E a atividade da Construção Civil é imediatamente seguida de geração de vagas. Os dados do Caged mostram, inclusive, um forte incremento nas admissões do setor e uma queda dos desligamentos.
Como o Sinduscon está trabalhando para mitigar os efeitos da pandemia no setor?
Resposta: Desde o início da pandemia sinalizamos que estaríamos executando as obras com muita seriedade e com respeito à mão-de-obra, pois sabemos que esse tipo de ação garante a sobrevivência das empresas e a manutenção dos empregos. Em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) por meio do SESI, e com apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil – Sindconstrucivil-MA, lançamos, no dia 20 de abril, o projeto “Construindo Boas Práticas que tem por objetivo orientar as empresas de construção civil a adotarem medidas preventivas e orientativas nos canteiros de obra, como forma de prevenção ao novo coronavírus. Durante as ações entregamos kits de higiene, damos instruções sobre cuidados preventivos, dispomos de uma psicóloga para realizar atendimento, fazemos atividade laboral e realizamos amostragens do índice de infecção por canteiro de obra, permitindo a identificação de possíveis casos de contágio e o desenvolvimento de medidas de contenção. Até o momento já visitamos mais de 25 canteiros de obras, totalizando um alcance de aproximadamente 2.190 trabalhadores do setor da construção civil. Em todas as visitas temos reforçado a importância da repetição dos procedimentos, a redivisão dos turnos de trabalho, a reorganização de refeitórios e demais ambientes para evitar aglomerações, além da divulgação de cartilhas orientativas elaboradas pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), pelo Sinduscon-MA e Sindconstrucivil-MA. Outra frente que temos trabalhado diz respeito ao setor imobiliário. Finalizamos, no dia 30, a campanha Vem Morar em que construtoras e incorporadoras de todos os estados reuniram-se em uma operação nacional de estímulo à compra de imóveis. Articulada pela CBIC e pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), a campanha contou com a parceria da Caixa e contemplou todos os segmentos imobiliários com desconto mínimo de R$ 3.000 sobre o valor do imóvel. Com duração de 60 dias, a iniciativa visou não apenas preservar o emprego como, também, gerar novos postos de trabalho na construção civil durante a pandemia pelo novo coronavírus. No Maranhão, tivemos a “Vem Morar, Maranhão” e alcançamos um número de vendas expressivo no mês de junho com a participação das construtoras Canopus, Escudo, Dimensão Engenharia e Lua Nova.
Qual desafio agora nessa retomada?
Resposta: O desafio é reconstruir a confiança da população e promover o retorno das atividades de forma a proteger a população e trabalhadores.